Nesta noite chuvosa que se apresenta hoje, meus pensamentos
rodopiam em um turbilhão de lembranças segredos verdades, e mentiras também.
São em momentos como esse, em que paro um instante, mesmo com o mundo girando
em uma velocidade sem precedentes, eu quebro todas as regras e decido parar por
um instante, decido me acalmar fechar os meus olhos, e pensar em tudo de uma
vez só, escancarando as portas da minha mente e coração os deixo a mercê de
quaisquer pensamentos, sombras e medos que podem agora se mostrar, revelando
assim o mais íntimo de meu ser.
É assim que me acalmo, não me esvaziando de tudo, mas me
enchendo de tudo, sem pudor sem limites ou restrições, neste momento permito
que tudo que senti durante o dia, dê suas caras, quero vê-las encará-las dar
nome aos bois, se foi medo. vergonha, ódio, amor sincero ou solidão, faço uma
reunião com todos esses sentimentos e os estudo, sei que nenhum me é estranho, mas não posso
guardá-los em um baú como a maioria o faz, quero vê-los e saber por que estavam,
ou estão aí.
Eu não tenho baú, ou até se me permite uma pequena correção
eu tenho sim, todos temos, estes são nossos sentimentos mais íntimos e
sombrios, estão lá, mas são momentos como esse que simplesmente abro o baú e
olho um por um de tudo que ali guardo, . Ao contrário
do que poderia estar supondo eu não faço nada disso para evitar que o gosto
amargo de alguns destes sentimentos voltem ao meu paladar, que aconteça
novamente, não é por isso, até porque eu creio na lei da evolução defendendo
que tudo que vivemos todas experiências boas ou ruins, são essencialmente
necessárias para a evolução gradativa de cada indivíduo.
A verdade é que quando repito exaustivamente este ritual eu
passo a conhecer-me mais profundamente, é como ler um antigo texto do qual você
é o autor e pensar: “Nossa eu penso assim?” é exatamente o que faço, leio e
aprendo sobre mim. O que me
levou a esse relativo pensamente, foi seguir uma simples linha de raciocínio,
Imagine todas os seres vivos que nasceram antes de você, nasceram tiveram suas
vidas e morreram. Em uma quase parábola, imagine que você antes de nascer,
estava no céu e ali ainda um bebe você era parte de uma gigantesca fila, essa
fila se iniciou nos primórdios da humanidade, supondo aqui em nossa alusão que
os primeiros da fila eram Adão e Eva. Eles foram os primeiros da fila, e assim
a fila se seguia um por um, milhares de anos se passaram e você permanecera
nessa fila, até que em um belo momento, Deus Pai o criador olhou e disse, é a
tua vez, te darei alguns poucos anos de vida, te mandarei ao mundo e lá você
vivera, até que seu tempo se esgote, agora vá!”E assim você nasce neste mundo.
Bem sei que essa parábola pode parecer bem tola, ou até
sentimental demais, porem eu a criei em minha alma, e assim percebi que na
verdade a vida tem muito mas muito mais valor do que sonhamos, penso que
esperei por tanto tempo, tantos milênios se passaram e enfim cá estou, vivo tento a minha
oportunidade, por poucos anos essa é a MINHA vez, a cada dia que acordo eu sei
que esse tempo é curto único e muito precioso.
Bom essa é a minha vida, em algum momento posso morrer, e o mundo
continuará o mesmo, então o que farei com
a minha vez, o que farei na minha era?
Eu me sinto como um participante de um show de talentos, fiquei na fila
e agora o entrei no palco e toda platéia me observa esperando o que vou fazer,
essa é a minha oportunidade, meu solo. O que Farei? Quando tenho esse tipo de
preocupação, penso que, e agora pensarás que sou louco, penso que as coisas
dadas como normais para a sociedade, nascer crescer estudar, trabalhar procriar
envelhecer e morrer, é muito mas muito pouco. É a minha vez! Minha vida é curta
e a espera foi longa, o que farei? Precisa ser algo histórico grandioso, sem
precedentes para que eu possa em meu leito de morte me orgulhar dizendo que
aproveitei ao máximo a minha vez, se todos da platéia me aplaudiram isso é
irrelevante, mas se para mim ali eu fui protagonista da minha vida, já é o
suficiente.
O que Faremos do nosso Solo no Palco?
Por Gabriel Bernal