Do que é feita a vida? Do que é feita essa imensa viagem que
todos nós somos submersos sem que se pergunte nossas vontades ou exigências?
Quando nascemos somos automaticamente plugados como tomadas
em um transformador que não para nunca, de rodar e centrifugar na velocidade da
luz, sem medo nem poesia.
E mesmo assim somos obrigados a seguir esse ritmo insano sem
perguntas ou queixas, como gados forçados ao arado sem outra opção de destino a
não ser mentiras ou guerras, é o que somos, é do que somos feitos. E assim
vivemos para trabalhar para pagar os custos de nossa vida, mas poderíamos nós
descobrir o motivo destas lágrimas? Poderíamos nós perceber que a trilha do
arado se dá no abatedouro?
A agonia é explorada ao máximo, que perpetua a acomodação e
o pensamento ilusório de que sempre o boi ao lado que será abatido e não nós,
não! Nós Não! Nós somos amigos do carrasco.
Ele conhece nossas tias, é parente dos nossos parentes, torcemos para o
mesmo time, carrasco camarada, vai fazer estradas ferrovias e escola para
nossas crianças.
Mas como posso eu falar de vida, falar de mundo, sem
mergulhar em um profundo poço de mim mesmo? Às vezes é preciso que eu me deixe
levar em pensamentos, como divagar em devaneios que parecem levar nada a lugar
algum, mas... Sempre nos leva muito mais a perguntas do que a respostas. Sem
mergulhar profundamente em meu próprio eu, meu inconsciente, é impossível que
eu me conheça. Sem o qual serei como
colega de mim mesmo, me conheço... de ouvir falar. Mas não! Preciso saber meus
pensamentos mais sombrios e escondidos, mais secretos e sinceros, como que as
minhas entranhas saber de que cor é meu rim ou estômago, saber o que REALMENTE
eu amo, ou odeio. Isso é muito mais difícil do que parece, nós sabemos o que
devemos gostar do que devemos nos orgulhar e nos envergonhar, mas não sabemos
nossas próprias opiniões sobre isso. Precisamos nos conhecer, saber quem somos
de verdade com essas resposta teremos uma vida muito, mais muito mais plena.
Eu falo do mais profundo da mente e coração humano. Eu quero
dizer quantas decisões tomamos sem nos consultar? Quantas vezes dizemos para
nós mesmos: Não! Quantas vezes?
Quando mergulhar em um infinito de si mesmo, achará uma
pequena mesa á luz de velas, uma pequena mesa rústica de madeira, e ali verá
parada uma pequena criança chorando, e ainda resmungando, meio mal criada
imatura, mas muito magoada, ela
perguntará: “Por que demorou tanto? Não consegue ouvir minha voz?” E Você dirá:
“Pois bem, pode falar, quem sou Eu?”. Essa criança vai te falar mais sobre você
do que eu você possa um dia imaginar, a criança é de fato você! Ela vai
expressar seus sentimentos mais profundos, suas angústias seus medos, seus
ódios suas alegrias. Sem hipocrisia, sem charme, sem comissão.
E você ouvirá, quieto! Ouvirá! Calado, sem perguntas, sem
questionamentos. E todo seu amor, toda sua dor por um minuto fará sentido, todo
o sol e a lua, todo universo, será pela primeira vez respondida, você entenderá
que a guerra do mundo é contra ele mesmo, como o grito primordial, você se
passa ao controle, passa a controlar seus pés, seus dedos agora se mexem de
acordo com a sua vontade. “Nós não temos nada a ganhar nem nada a perder”, diz
a criança agora com um leve sorriso como que orgulhosa _ “Logo você será velho,
quando irá entender?” _ ela dirá maliciosa, quantas pessoas (agora você
enxerga) brincam de viver sem se divertir? Quantas pessoas fingem viver, fingem
felicidades, fingem tristezas. Agora vê e ri, mas era um deles, passam 20, 30,
80 anos sem fazer idéia de que temos o mundo em nossas mãos, uma vida em nosso
peito, e um caminho em nossos pés. Você pode entender? Agora, uma vida, um
momento uma chance, é isso que eles querem que você esqueça, e o que faço
questão de te lembrar: “O mundo inteiro em nossas mãos”
Podemos sorrir pois já choramos, podemos ter calma pois já
estivemos nervosos, agora podemos caminhar pois já corremos, há realmente necessidade?
Tanto luxo, tantos poréns? Por que o mais simples não é o bastante? Até quando
teremos a impressão de que sempre chegamos atrasados nos trens da vida? O que
teremos pra contar? Pra falar? De onde provirá nossa paz?
Até quando o bastante não será o bastante?
Esses são mistérios que caem sobre mim junto ao anoitecer, e
que eu não vou resolver enquanto não perguntar á quem sabe tudo sobre mim: Eu
mesmo. Então acendo uma vela, acendo uma fogueira que espanta a solidão, uma
caneca de chá e uma longa conversa comigo mesmo, fazendo perguntas sobre mim
para que eu possa responder. Conhecendo
meus sentimentos, saber porque me sinto de uma certa forma em uma certa situação.
Mistérios que eu e eu mesmo vamos tentar resolver.
Quando nos conhecemos, quando realmente sabemos o que
queremos do que precisamos, quais são nossos sonhos, o que é felicidade, o que
é tristeza para nós? Nossas perguntas e conflitos internos serão silenciados,
saberemos a resposta, então,a paz vem a sorte, vem então começamos a progredir,
começamos a caminhar com passos firmes e determinados sempre em frente, não
temos dúvidas, não temos medo, não temos pressa, nós simplesmente sabemos que a
cada passo que damos escrevemos nossa história, e que cada um carrega consigo o
talento de ser capaz de ser feliz, sem nada, só feliz sem variantes, apenas
feliz consigo mesmo, em paz e harmonia com aquela pequena criança, que lhe
agradece.”Obrigado!”.